terça-feira, 28 de setembro de 2010

O dia em que joguei tudo pro alto

Trabalho, casa,
Família,
Janta em família
Novela...

Salário baixo
Trabalho chato,
Chefe mala,
Gente chata,
Casa....

Contas pra pagar, aluguel
Falta tanta coisa
Cargo baixo,
Sem viagens, novidades,
Só trânsito pro trabalho

Acordo desejando que o dia acabe,
e durmo tarde,
Desejando que o outro dia não comece
E sonhos, bem,
Estes que parecem tão distantes

E levanto, bato o ponto,
Trabalho olhando pro relógio,
Esperando que rode mais rápido,
E os dias demoram pra passar,
Quando chega cada Natal e Ano Novo
Percebo que tudo passou tão rápido
E nada mudou muito,

Saco cheio,
Entediado,
Frustrado,
Me sentindo alijado pelo sistema
De gente hipócrita, mesquinha e limitada
Podado de todos meus sonhos mais nobres
Por vencimentos
Que de vencer não tem nada
São a minha perdição

Colocação social,
Status,
Dinheiro,
Fama,
Poder,

AAAAAAAAAAAAAAAAAA

Mas joguei toda essa porra pro alto,
Eu fugi, fui pro meio do alto
Morar com a natureza
Fugir do concreto,
Cinza e feio
Fugir do asfalto,

Adeus à gravata
Adeus ao chefe
Adeus a tudo
Adeus a todos os insuportaveis códigos e conveniências sociais

ADEUS!

Adeus a tanta gente má
Pra hipocrisia,
Pra política,
Governantes e suas mentiras
A tecnologia e suas necessidades desnecessárias
O consumo fútil

Adeus a essa monotonia
Ao cheiro de escritório,
Ao diploma, à carreira,
Ao marketing barato

ADEUS!

Joguei tudo pro alto,
Fui a forra, e às favas
Mandei todos
Agora vivo de música e poesia
Amor e sexo,
Não enjoativo, cumulativo,
Como em todos os casamentos

Vivo pra mim vivo de mim
E pra mais ninguém
E vivo feliz!
Por que um dia resolvi jogar essa porra toda pro alto!

Agora olho pra sentimentos
E não com instituições
Caretas, corroídas e hipócritas

Joguei toda essa merda pro alto,
Fui feliz!
Sou feliz,
Fugi, e renasci,
Vivi

Se o mundo não me entende
Não sou obrigado a entendê-lo
Esse mundo criado para aparências,
Conveniências e falcatruas,
Gente falsa, hipócrita e infeliz

Só entendo agora as coisas
Simples e belas da vida

ADEUS!
Joguei toda essa porra pro alto!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Horário Eleitoral

INTERROMPEMOS NOSSA PROGRAMAÇÃO PARA A TRANSMISSÃO DA PROPAGANDA ELEITORAL GRATUITA

Palhaço famoso,
A funkeira,
Craque de futebol
Decotão

Cantor popular, brega
Apresentador famoso
Humorista famoso,
Vestido de palhaço

Candidato palhaço,
Candidato famoso,
Candidato humorista
Candidato jogador
Candidata funkeira
Candidata puta...

Artistas renomados
Personalidades conhecidos
Velhos políticos de sempre

Nosso futuro "parlamento"...

Desfile do bizarro em horário gratuito
Deveria me fazer rir, mas no fundo me faz sofrer
Povo ignorante e alienado incapaz de dicernir
O show de humor na verdade é o nosso show de horror

Fazendo piada com nosso futuro
Congresso falido e corrupto
Alianças e conchavos oportunistas,
Clientelistas

Mídia comprada,
Defendendo escusos interesses
Deveria manter informada
A massa alienada e sem educação

Nossa democracia é uma piada
Feita para atender lobby e interesses de alguns
O povo à parte, e a parte que nos cabe do bolo
Acabou de ser roubada...

Acabou o horário eleitoral
Nossa democracia????
HA HA HA
Que piada....

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

As Flores do Campo Belo

Não há mais flores no Campo Belo
Não crescem árvores
Crescem prédios, edifício
São altos!
Respirar é difícil

As belas casas
No Campo Belo
Soterradas
Todo esse concreto

A cor do Campo Belo
Agora cinza
Pálido, amarelo
Sisudo, ranzinza

Não há mais flores no Campo Belo
Não há mais campo e ele não é mais belo
Mataram as flores do Campo Belo

Taparam o sol com tantos prédios
Sujaram o ar com tanta fumaça
Calaram os pássaros com tanto avião
Corromperam os homens com tanta ganância

Comprar, comprar comprar,
Construir, construir e construir
Ganhar, ganhar, ganhar
O absurdo
E ninguém a fiscalizar

Na ânsia
Novo lar pra morar,
A casa própria
A miséria própria

A poucos metros
Águas espraiadas
Espalhadas na favela e na miséria
A poucos metros

São Paulo desigual...

E não há mais flores no Campo Belo
Elas não podem ser regadas com a água do córrego
O esgoto do córrego

E já não há mais flores no Campo Belo
O campo já está limpo
Como o Campo Limpo
Santo Amaro,
Rogai por nós
Santa Cecília,
Santana

Lindas Perdizes,
Não veremos mais
Entre lagos em Interlagos
Poluição
Matando árvores,
Pinheiros e Jardins,
Problema
Em Moema e toda a parte
No Jabaquara
Já não há quase nada
Não há Saúde
Desde as margens do Ipiranga,
Ao Tatuapé
Só se for a pé
Trânsito é problema de todas as metrópoles
Higienópolis,
Não se anda
Nem pelo Minhocão
Não há solução
Resta apenas a Consolação
Longe do Paraíso
Bem longe disso
Ibirapuera,
Quem dera
Se toca
Na Mooca
Fala Sério
Parei no Glicério
Engarrafado, Assaltado
Bem aqui
Mandaqui,
Cambuci,
Morumbi,
Itaim Bibi
Sou seu fã
Desde o Sacomã
Até o Jaçanã
Em Pirituba,
Suba
Ao Limão
Que horas são?
Já era
Pra Itaquera
Venha
Pra Penha
Tenha uma Bela Vista
insista
É Avenida Paulista

Mas não há mais flores no Campo Belo
Nem em campo algum
Em qualquer lugar de São Paulo
Sem flores,
Sem ar,
Sem vida
Já não há mais vida...

Aonde estão as flores do Campo Belo