segunda-feira, 23 de julho de 2007

O Ciclo

Grandes impérios de outrora se desfazem e caem
Corpulentas e imponentes fortalezas definham e ruem
Todas as formas de maldade sempre evoluem
É a nobreza dos corações que agora se esvaem

Cotidiano diário de puro niilismo
As esquinas choram de solidão
Disfarçando a dor com o nosso cinismo
Da Idade da Pedra à Era da Aflição

Conclua seu testamento e resuma sua vida
Numa página virtual desta rede
Enxugue as lágrimas e cicatrize a ferida
Ainda não é o suficiente para matar a sede

A vida descreve seu curso em suas insinuantes contradições
Ironias calculadas que nunca se podem antever
O revés, a tristeza, as lembranças e as lições
E os homens que ainda competem para sobreviver

Um novo império já está sendo construído
O solo para o novo jardim é fertilizado
Já nem me lembro do último amor vivido
Todo o ontem já é tão ultrapassado

sábado, 21 de julho de 2007

Poema para quem não vêm


Alguém para amar
Conhecendo corpos onde o amor não têm
Perambular em desespero pela escuridão
Esperar alguém que não vêm

Se deixar levar
Conseguir algo que acredita
A viagem sem destino na imensidão
Meu espírito ressucita

Nos meus sonhos você volta
Pelo menos um segundo
Aqui ao meu lado
Já traz sentido a esse mundo

Nos meus sonhos você permanece
A vida inteira
Aqui, ali, sempre a meu lado
E o sentido do mundo nunca mais apetece

Por enquanto me deito
Finjo sua presença
Sonho bom de novo

Por enquanto distraio
Finjo satisfação
A distância não é mais nada

Por enquanto existo
Resisto em crer
Você não está aqui
E não há mais nada para oferecer

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Carta para a Oceania


Ei você,
Que parte assim tão depressa
Como quem tem tanta pressa
Tão depressa e tão de repente
Como quem me parte ao meio nessa
E leva parte de mim consigo

Você,
Que passa assim tão longe
A milhares de quilômetros daqui
E eu passo mal só de pensar
Por favor,
Arrume um remédio que faça passar
A imensa vontade de estar contigo

Deste lado do oceano que nos separa
É a vida que anda tão sofrida
É o esboço do projeto que não funciona
É a dor aberta da eterna ferida

São todas essas pessoas medíocres
É toda essa realidade triste
É a convivência diária com o cinismo e a hipocrisia
É o avesso do bom senso que ainda persiste

Ei você,
Que um pouco a salvo está de tudo isso
Me deixe salvo de todo esse desperdício
Diário cotidiano desnecessário
Enfadonho rotineiro compromisso
Salvo engano despenco nesse precipício

Você,
Me liberte de tudo e me deixe leve
Leve minha tristeza para longe
Vai,
E também toda essa saudade que eu sinto,
Só de leve

Que ainda te espero uma volta
Que ainda nas voltas do mundo
Vale a pena a espera
Espero que ainda dê certo
Todo tempo que te esperei de volta