Frio e sem vida,
Mesmo nesse sol de outono
Tudo parece frio,
Tudo parece ferida
O silêncio grita, é ensurdecedor
Todo movimento e interação
É cerceado e censurado
Resta a nossa solidão comunitária
Nessa clausura forçada
Não temos cura
Para o vazio da solidão
Pandemia e paranóia
O vírus real é o da loucura
Usura e ganância
O mundo parou
A economia parou
Nesse mundo hi-tech financeiro
É coma, o coração parou
Respiramos por aparelhos
Infectados ou não
A morte é certa
As ameaças externas
Revelam nosso inimigo interno
No meio de tanta tecnologia
Eu, minha própria pior companhia
Não consigo parar
Correria e ansiedade
Com tudo isso
Não dá pra disfarçar a realidade
Sinto a falta de contato,
Do vazio coletivo
A ironia máxima
De sentir saudade da normalidade
A banalidade é tão rica
E só agora que eu percebo
A vida corrida e normal
É como a pior droga
No fundo é vazia
Mas te domina e vicia
E o mundo tão veloz, tecnológico e financeiro
Perdeu para a natureza
Está de quatro e perdido
A espera do tiro derradeiro
A humanidade arrogante
Prepotência e gananciosa
Não consegue viver com seus pensamentos
Não consegue existir coletivamente
Ou a sós com sua consciência....
Tecnologia é distração
Dinheiro não é solução
A ciência é apenas uma ilusão
Ameaça é invisível
É vingança
É mutação
Homem é infecção
E o planeta quer vacina
Sólidão eterna é a sina
Seu sistema social é uma ilusão
Entre na quarentena
Exame de consciência
Perceba e encare a realidade
Sofra a vida inteira....