quarta-feira, 25 de março de 2020

Quarentena



Tudo parece tão vazio
Frio e sem vida, 
Mesmo nesse sol de outono

Tudo parece frio,
Tudo parece ferida

O silêncio grita, é ensurdecedor
Todo movimento e interação
É cerceado e censurado

Resta a nossa solidão comunitária
Nessa clausura forçada
Não temos cura
Para o vazio da solidão

Pandemia e paranóia
O vírus real é o da loucura
Usura e ganância

O mundo parou
A economia parou 
Nesse mundo hi-tech financeiro
É coma, o coração parou

Respiramos por aparelhos
Infectados ou não
A morte é certa

As ameaças externas 
Revelam nosso inimigo interno
No meio de tanta tecnologia
Eu, minha própria pior companhia

Não consigo parar
Correria e ansiedade
Com tudo isso
Não dá pra disfarçar a realidade

Sinto a falta de contato, 
Do vazio coletivo
A ironia máxima
De sentir saudade da normalidade

A banalidade é tão rica
E só agora que eu percebo

A vida corrida e normal
É como a pior droga
No fundo é vazia
Mas te domina e vicia

E o mundo tão veloz, tecnológico e financeiro
Perdeu para a natureza 
Está de quatro e perdido
A espera do tiro derradeiro

A humanidade arrogante
Prepotência e gananciosa
Não consegue viver com seus pensamentos
Não consegue existir coletivamente
Ou a sós com sua consciência....

Tecnologia é distração
Dinheiro não é solução
A ciência é apenas uma ilusão

Ameaça é invisível
É vingança
É mutação

Homem é infecção
E o planeta quer vacina
Sólidão eterna é a sina
Seu sistema social é uma ilusão

Entre na quarentena
Exame de consciência
Perceba e encare a realidade
Sofra a vida inteira....


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