quarta-feira, 11 de maio de 2011

Higienópolis,05/2011



Sou da gente diferenciada,
Ando de metrô, trem e busão
Sou dos que não ganham mesada
Trabalho o mês inteiro pelo meu quinhão

Sou da gente diferenciada,
Não nasci em berço de ouro
E de herança não deixo nada
Só minha alma, minha paixão, meu couro

Você chama de gente diferenciada
Quem você julga pobre na beira do precipício
A grande massa aguenta calada
Você descansa no seu embolorado edifício

Abastado desde criança
Longe da favela, na parte nobre da cidade
Deita e rola com a sua herança
Sem a mínima noção da realidade

Empresários, lobistas e judeus
Famílias de tradição e centenárias
Não se parecem com nenhum dos seus
Suas ilhas de fantasia imaginárias

De brancos, ricos e bonitos
Longe da maioria brasileira
Pobres, mulatos e aflitos
Pegam no batente na segunda-feira

São seus empregados, braçais e serviçais
A seu dispor e seu serviço
São ignorantes, sujos e iguais
Nasceu para sempre viver submisso

Você e seu universo umbigo
Carro luxuoso, ar condicionado, trânsito infernal
Você carrega consigo
O egoísmo de um débil mental

Ao barrar o interesse coletivo
Por preconceito e burrice
Cava seu caminho ao abismo
Mente burguesa cheia de sandice

A cidade continua então padecendo
Trânsito, enchente e poluição
Não importa tudo o que vem acontecendo
O que importa é seu bairro e sua tradição

Assim, você escreve sua triste história
De um bairro ora tão decente
Agora joga no lixo toda sua glória
Triste mentalidade de uma burguesia decadente

Tenho orgulho em ser da gente diferenciada
E não ser assim tão igual
Pobre, limpa e que não deve nada
Higienópolis, vergonha nacional

4 comentários:

Anônimo disse...

QND A REVOLUÇÃO VIER, VAMOS ARRANCAR A CABEÇA DOS DE HIGIENÓPOLIS!!!!

Anônimo disse...

Você não acha que o seu poema é preconceituoso? Você realmente acha que todos que moram lá pensam assim? Você realmente acha que todos os que não têm condições de morar lá são decentes?

Você está sendo tão preconceituoso quanto o infeliz que deu a declaração sobre gente diferenciada. Triste.

Eduardo Viana disse...

Respondendo às perguntas do amigo anônimo acima. Não acho que o poema é preconceituoso, como não acho que todos que moram lá pensam "assim" (conforme exposto no poema), e como acho que todos que não tem condições de morar lá não só decentes.
Esse poema dedica-se à crítica de um tipo de mentalidade, em cima de uma declaração. Não é uma crítica a todos que moram no bairro, como não diz que para ser uma boa pessoa você não pode morar lá. É o pensamento de algumas pessoas, seja de Higienópolis ou não.
A interpretação de um poema requer sensibilidade. Senão acusamos aqueles que querem debater temas importantes de uma forma não tão óbvia injustamente. Basta ler o resto do que está escrito aqui, e verá que preconceito é o que eu critico, e nunca o que eu prego.
Por fim, sinta-se a vontade para comentar, mesmo que seja uma crítica, pois preciso delas também. Mas na próxima, faça como eu. Mostre sua cara, seu e-mail, seus dados. No anonimato tudo perde um pouco da credibilidade.

Abraços!

poesia-grunge-spot disse...

gostei, convido para leres o meu blog sobre poesia: http://spot-grunge-soul.blogspot.pt/2013/01/deserto.html